domingo, 11 de outubro de 2009

A fantasia

Irritam-me as pessoas muito cor-de-rosa. Muito cuchi-cuchi, muchi-wuchi, gugu-dadá. Pessoas que apesar de adultas vivem rodeadas de coisas de meninos e meninas pequeninos. Como se apesar da idade, continuassem agarrados à fantasia.
Ontem no expresso, no banco da frente vinha uma dessas pessoas. A falar ao telemóvel, com uma voz muito melosa e distorcida, na tentativa atabalhoada de imitar a voz de bebé...
Naturalmente que a fantasia faz parte da vida. Às vezes faz falta fantasiar. O problema da fantasia é a ilusão. O fascínio, melhor dito. Arranca-nos à realidade e não nos deixa por os pés no chão.
Pode haver quem ache graça às meninas adultas cheias de laçarotes, bonecos da Pucka, da Hello Kitty, cheias de cor-de-rosa. Mas a vida não tem laços nem bonecos, e muito menos é cor-de-rosa. Dá vontade de abaná-las com força e dizer: “Hey! Acorda! Sim, tu. Já cresceste, sabias? Olha aí o mundo à tua espera!”

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