sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

2016 e o Olimpo

    O final de ano é propício a balanços, tal qual como cada fim de ciclo. Temos necessidade disso, quase que estamos programados para isso. E bem. A oportunidade de ver o caminho feito e por onde se andou, para poder afinar qualquer coisa que esteja fora de rota.
    Os anos não são apenas só maus ou somente bons, como tudo na vida. Para mim, que veiculo a importância do cinzento, ante a dicotomia ditatórica do preto e branco (real e figurado), seria impossível não pensar assim. Não consigo dizer se o ano que termina foi bom ou mau, apesar da série impressionante de votos de pesar por tantas pessoas famosas que deixaram de viver em 2016. Parece que o ano se resume às pessoas que morreram e ao seu papel na forma como o mundo vive, como se não estivéssemos todos à espera, cada um, do seu tempo e do seu precipício (querido Cesariny!). A morte lamenta-se, naturalmente. Muito mais quando vivemos num tempo de ídolos artificiais, onde se projecta nesses poucos os anseios e as vidas de perfeição a que os muitos outros aspiram. Um bocadinho como os deuses do Olimpo grego, ou do panteão romano. Não difere muito da plêiade de deuses, semi-deuses e heróis míticos da Antiguidade. Serviram o seu propósito, tal como os famosos modernos da nossa sociedade servem o seu.
    Para mim, também não foi especialmente fácil o 2016, não foi, não senhor... Foi de lutas, de muitos apertos, de lágrimas algumas, risos outro tanto, e também de algumas conquistas. Foi o ano de sentir a ajuda de alguns verdadeiros amigos, de concretizar o sonho de salvar a casa dos meus avós, graças a isso... Foi o ano de chegar aos quarenta, de ver a barba embranquecer, de ver o corpo moldar-se à meia idade, de me sentir maduro e a navegar na tempestade, não já à vista, mas de leme na mão, como que a meio duma viagem que teima em não ser fácil... Mas venho de tantas tempestades, que aprendi a gostar da chuva. Houve alegrias, e houve sobretudo problemas, problemas, problemas... Houve a capacidade de os afrontar e procurar soluções. Houve enganos, atropelos, desilusões...
    Estou, portanto, no cômputo geral, grato. Ao meu irmão, primeiro, e aos meus amigos por fazerem parte do pequeno mundo em que me mexo. Agradecido igualmente às pessoas com quem me cruzei: às que me ajudaram, pelo bem que me fizeram; às que me prejudicaram ou enganaram, pelo mal que me causaram e pela lição daí saída. É impossível que o nosso ano, este ou outro qualquer, não seja tocado por coisas boas e coisas más, por pessoas que nos querem bem e outras que não sabem o que isso é. É assim.
    Não sei dizer se 2016 foi bom ou mau. Não foi bom, com certeza. Não foi apenas mau, evidentemente. Possamos, pois, encontrar sempre o nosso tempo, mesmo que tenhamos que esperar por ele. E que 2017 seja, pelo menos, fecundo de encontros. Possamos prosseguir serenos, um dia de cada vez, procurando ser tão felizes quanto possível, desviando-nos dos obstáculos que teimarão em deitar por terra as esperanças que se renovam sempre no início de cada ano.
    Feliz Ano de 2017!

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